Mais de 59.000 pessoas assinam a petição Visión e Vida para acabar com a pobreza visual infantil na Espanha
Desde que Visión e Vida lançou o seu relatório sobre a pobreza visual infantil na Espanha em novembro, mais de 59.000 pessoas assinaram a petição da associação de utilidade pública para apoiar um plano que procura aliviar essa situação. A solicitação da associação de utilidade pública permanecerá aberta até que o plano espanhol para a Garantia Europeia da Criança seja ativado.
“Este problema requer soluções, não ver corretamente tem uma relação direta com as habilidades dos menores na hora de estudar, desenvolver-se ou relacionar-se com os outros”, explica Salvador Alsina, presidente da Visión e Vida. A entidade chama de “pobreza visual” os casos em que um menor de 18 anos necessita de óculos, lentes de contacto ou terapia visual para poder ver bem, mas a situação económica da sua família impede-o de ter acesso aos mesmos.
Em sua análise “Raio-X da pobreza visual infantil na Espanha”, Visión e Vida estima que 8,59% dos menores na Espanha, um total de 761.157 meninos e meninas, não podem desfrutar de uma boa visão devido a problemas económicos das suas famílias. Do mesmo modo, o estudo revela a elevada componente geográfica da pobreza, sendo Ceuta uma das zonas com maiores índices de pobreza visual infantil (19,84%), seguida da Extremadura (11,52%), Astúrias (10,73%), Andaluzia (10,56%) ou Melilha (10,11%).
“Desde que divulgámos os dados do nosso relatório, temos recebido muito apoio da população, que tem tomado consciência dessa realidade. Também a nível institucional temos notado muito envolvimento, tendo já realizado diversas reuniões com os responsáveis a nível nacional, regional e local para procurar medidas para resolver esta situação, que esperamos que se concretize em breve”, explica Alsina.
A entidade vem a alertar sobre o aumento da pobreza visual desde o início da pandemia da COVID-19. Diante disso, destaca que é hora de dar à saúde visual a importância que ela merece e apoiá-la por meio de fundos nacionais e europeus derivados da Garantia Europeia da Criança – uma comissão da Comissão Europeia que visa reduzir o alto índice de pobreza infantil do país.
O cuidado visual infantil como investimento no futuro
“Se não protegermos a saúde visual das gerações futuras independentemente dos recursos económicos de cada família e não promovermos cuidados preventivos com a visão, o Estado terá de assumir um elevado custo social no futuro”, sublinha Alsina.
A entidade quer mostrar a importância do cuidado visual. E é que, segundo estudos realizados por Visión e Vida, um em cada três casos de reprovação escolar está relacionado a um problema visual não detectado no momento. “É comum encontrar casos de pessoas que só descobriram na idade adulta que o seu problema de aprendizagem era devido a um defeito visual que poderia ter sido detectado com uma consulta e compensado com óculos”, explica Elisenda Ibáñez, ótica-optometrista e coordenadora do Visão e Vida.
Por todas estas razões, a associação propõe que estes problemas sejam trabalhados de forma coordenada a partir das escolas, onde são detetados muitos dos problemas que afetam os menores. “Tanto o programa de nutrição quanto o acompanhamento do desenvolvimento da criança e o exame visual devem estar interligados. Não ver bem faz com que os menores tenham problemas de compreensão de leitura, expressão ou capacidade para passar o tempo necessário diante de um texto, algo que afetará a sua aprendizagem e levará a problemas de exclusão social”, conclui Ibáñez.
Descarregue o estudo “Raio-X da pobreza visual infantil na Espanha”.